Muitas pessoas se interrogam, em algum momento, sobre o sentido das suas vidas; mas é mais raro que se interroguem sobre o sentido do seu ócio. Essa tem sido, pelo menos, a minha experiência pessoal. Apesar de ter dedicado mais de quarenta anos ao estudo do fenómeno do ócio a partir de um ponto de vista profissional, não entendo como, enquanto aprofundava as vertentes educacionais, sociológicas, históricas ou pessoais do ócio, não me havia colocado antes a pergunta que me faço agora. Talvez tenha a ver com a idade, mas há algo mais. Outra das razões pode ser o fato de se tratar de uma questão delicada. O sentido da nossa vida e o sentido do nosso ócio é algo de muito pessoal, que cada um deve desvendar por si mesmo. Não servem receitas ou conselhos gerais. Pelo menos não para que os possamos aplicar diretamente. No entanto, à medida que tenho amadurecido e envelhecido, vejo cada vez mais claramente que conhecer alguns parâmetros para enquadrar as experiências ajuda a tomar decisões acertadas e, paradoxalmente, mais pessoais.
Dr. Manuel Cuenca Cabeza (2024)
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